quinta-feira, 10 de março de 2011

March 10th, 2011. II

Liana e Alma tem brigado muito pelo meu espaço nesses últimos dias. Estou presa em um impasse em que não consigo me decidir quem eu quero ser. Ou melhor, quem eu posso controlar. Consigo ser doce por algum tempo, mas sempre tem aquele momento em que Liana escapa por entre meus dedos e foge, acordando esse animal enjaulado que jaz dormente dentro de mim. Eu costumava pensar que as pessoas iriam me repelir por saber quem eu realmente sou. Mas já não me importo tanto. Não faço mais tanta força para manter meu animal guardado. Ele precisa sair as vezes e caçar seu alimento, afinal. Se ele morre, eu morro. Somos todos um só, apesar de, às vezes, soarmos como muitos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

March 4th, 2011.

"Quando dei por mim, já tinha me tornado uma pessoa fria e sem sentimento algum. Por mais que tudo em minha volta se mostrasse feliz, meu rancor era maior que qualquer coisa. Fiquei implicante, chata, mal-humorada e sem educação. Sem entender esses risos descontrolados, e inúteis. Essas frases de impacto que nunca salvarão o mundo, essas pessoas que falam de amor como se fosse algo fácil e simples, pessoas que amam pessoas sem nunca terem se visto pessoalmente; amizades falsas e simplesmente por interesse. Enfim, quando dei por mim, fiquei mais critica e seletiva. Agora só desejo que o mundo me entenda; eu não escolhi ser assim, o mundo me tornou assim. Um dia quem sabe meu senso de ridículo vá embora, e eu volte a gostar do mundo como ele é."

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

February 2nd, 2011.

Sabe aqueles penhascos de rochas que tem um mar violento, brutal embaixo? Aqueles dos quais você sabe que, se cair, vai ter uma morte no mínimo fodidamente dolorosa? Mas que mesmo assim, carregam uma energia que te puxa para a beirada, te leva até a ponta para que você possa sentir o vento que bate no seu rosto e que, naquela região, também tem uma força quase invisivelmente esmagadora, para que você possa sentir a adrenalina correndo em suas veias como uma droga, bombeando seu coração mais rápido do que o normal e te levando à loucura do êxtase? Sabe, aqueles que você imagina como são? Eu imagino. Uma de minhas relizações seria ir em um lugar desses. Sozinha. Eu queria poder sentir como se fosse a única no mundo, nem que por apenas alguns instantes. Sentir aquela rara conexão entre eu e o mundo, a natureza, a forma mais pura de qualquer coisa que exista lá fora. A origem de tudo. E só. Nada mais, ninguém mais. Deve ser a melhor sensação do mundo. Respirar o mais fundo que você jamais respirará na sua vida, tentando absorver todo o ar à sua volta na inocente esperança de conseguir absorver tudo aquilo que você vê e sente naquele momento junto. Aquele momento em que você pensa "Como eu queria que meus olhos pudessem fotografar". Ou mais do que fotografar, de alguma forma, memorizar o cheiro do momento. O toque do vento. As sensações. Tudo que passa pela sua cabeça. E a morte fodidamente dolorosa? A queda? Você sabe que será ruim e que nunca sofrerá de um força bruta como essa se cair, mas ao mesmo tempo não parece tão ruim, não é? Queda livre. Você se sentiria verdadeiramente livre de tudo e todos. Seria a primeira vez na vida que, DE VERDADE, você saberia o que liberdade significa. Seria uma morte violenta, mas também poética, porque todo ato de brutalidade leva consigo uma gota de poesia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

February 1st, 2011.

Hoje é o dia em que você conhecerá meu outro "eu"; meu segundo heterônimo, a kryptonita da Liana. Sim, o outro lado. Hoje, eu sou a metade que se importa. Eu sou a que, lá no fundo, precisa que outras pessoas se importem com ela. Eu sou... Alma. A alma. Eu sou o que falta na outra metade, o que traz essas duas partes em uma só, construindo o que as pessoas conhecem como Juliana.

Eu gosto mais da Liana.

Alma é sentimental. Ela precisa do amor de outras pessoas. Alma precisa, precisa, precisa... Liana não. De nada. Ela é auto suficiente, por isso eu preferiria ser Liana todo o tempo. Ela não precisa saber o que as outras pessoas pensam dela. Ela é determinada, ela tem o que precisa para sobreviver. Ela não desiste fácil. Liana é forte. Na verdade, ela só é tão forte porque ela roubou toda a força da Alma e uniu-a à sua. Alma não consegue se defender. Ela só chorou, chorou, chorou.

Foda-se.

Sabe, ela pode ser "fofinha" e o caralho à quatro - às vezes, até mesmo divertida -, mas eu quero que ela apareça apenas quando eu mandar. Ela obedece? Não, senhor. Nem mesmo isso ela consegue fazer. Eu disse, "Apareça quando estiver tudo bem. Apareça quando eu não tiver que ser tão forte, então você pode brincar, ser feliz e toda essa merda."
Mas ela sempre vem nos dias ruins. Ela é teimosa. Eu a odeio. Eu poderia ser eu se ela não existisse? O que eu sou não odiaria o que eu me tornaria? Perguntas, perguntas. Tanto faz. Enfim, esquecendo o fato de que eu a desprezo, deixe-a dizer o que ela veio aqui dizer. Como eu, ela tem todo o direito de se expressar livremente. Então aqui está:

[...] Então, estou sozinha. Se algo legal acontecesse comigo, eu não teria pra quem ligar pra contar. Eu gostaria de um abraço, às vezes. Não, eu não gosto de muito contato físico, mas, sabe, de vez em quando, não é tão ruim - quando você abraça alguém que você realmente conhece (ou, ao menos, pensa que conhece. Nunca dá pra ter certeza) -. Eu realmente odeio tocar em pessoas que eu mal conheço. Pessoas que acham que são próximas o suficiente depois de falar comigo por duas horas e querem me abraçar, ou ficar perto demais, invadindo a minha zona de espeço pessoal. NÃO. Tá errado! Não me toque ao menos que eu deixe! Se eu te abraçar, tudo bem. As pessoas precisam ficar mais atentas aos sinais físicos que os outros passam. Se você tentar chegar perto e eu recuar, se liga! Fique longe. Acredite, é melhor pra você.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

January 6th, 2011

Estou sentindo uma agonia estranha. Não sei descrever direito, mas é como se a qualquer instante eu fosse sofrer um surto psicótico. Tem alguma coisa pesando dentro de mim e eu não sei exatamente o que é. Não tenho vontade de fazer nada e, ainda assim, eu sei o que devo fazer. Ligaram-me da locadora desde as 14:30, no total, foram umas 10, 12 ligações que eu não atendi. Não sinto que eu poderia me levantar da cama, me arrumar e ir trabalhar nesse momento. Céus, mal consigo levantar meus braços para digitar aqui. Sinto-me incrivelmente fraca. Eu sei que deveria ligar para a locadora de volta e ver se precisam de mim, mas eu me odiaria se tivesse que ir para lá. Acho que ligarei por volta das 5 horas, quando creio que já não precisarão mais de mim, e inventarei uma desculpa qualquer para não ter atendido. "Saí de casa e esqueci o celular.", whatever. Qualquer coisa. Estou feliz, na verdade, por essa ser a última semana em que tenho de ir para lá. Não me entenda mal, eu gosto de trabalhar e ganhar dinheiro como todo mundo, não é preguiça, mas tem pessoas que frequentam aquele lugar que me deixam desconfortável. Tenho essa mania de pegar birra com alguém e fazer um inferno disso. Sempre que vejo alguém com quem não simpatizo entrando, fico de mau humor e eu simplesmente odeio o fato de ter que sorrir para a pessoa e ser falsa - afinal, acho que não conservaria o meu emprego se eu resolvesse ser sincera e ignorar quem eu não gosto -. Enfim, é bom saber que essa semana verei essas pessoas pela última vez e elas nem desconfiam disso. Será como um "adeus, otário(a). Feliz por não ter mais que te ver." particular. Uma piada interna que só eu saberei. É uma sensação boa, uma sensação de alívio.
Mas, ainda assim, não consegue camuflar a sensação de nada. Estou sentindo medo de algo que eu não sei exatamente o que é. Só sei que tenho medo. E angústia, muita angústia. (Nesse momento, tive que parar de digitar e deixar meus braços caírem na cama, pois sentia-os inexplicavelmente cansados. Não consigo explicar a razão de me sentir assim.) Tenho a sensação de que terei um colapso há qualquer minuto. E o pior é que estou sozinha em casa. Eu sempre gostei de ficar sozinha, eu amo, na verdade. Mas hoje me sinto mal de um jeito diferente do usual.
Terei que ligar para a minha mãe antes de telefonar para a locadora para me certificar de que não ligaram para ela também e ela disse que eu estava em casa. Do que eu menos preciso agora é de uma mentira furada e sair de cena como o cara mau.

Estou lendo esse livro, Apocalipse Z... Como dá pra imaginar pelo título, é sobre o fim do mundo. Quando a sociedade é dominada por infectados que agem como mortos-vivos. A trama é como um diário de um advogado que acordou em meio a esse inferno e, para não ir à loucura, escreve relatos para descarregar o peso da situação. Lendo esse livro, tudo em que consigo pensar nesses dias é "E se isso realmente acontecesse?". E, todos os dias, antes de pegar no sono, eu imagino-me sendo acordada no dia seguinte em um alarde, com criaturas assim invadindo o mundo todo. Uma loucura. E aí depois eu penso "Eu sou louca por pensar coisas assim?"
Quero dizer, qualquer pessoa mentalmente sã não acredita que coisas como zumbis sejam algo plausível. Mas eu acredito. Não digo que vá acontecer com certeza, mas, caralho, tudo é possível. (Ouvi um barulho vindo da sala agora, atravessando a porta do quarto. Meu coração foi à boca, não sei porquê. Estou muito, muito assustada.) A esse ponto, qualquer um diria que é o livro que está invadindo a minha cabeça e me deixando com medo de qualquer coisa. Não sei. Mas não vou parar de lê-lo. Agora que já li tanto, se eu parar na parte em que coisas ruins acontecem, não conseguirei. Preciso ler até o fim e imaginar o final feliz. Porque, porra, a narração é em 1a pessoa, o que me diz que o advogado não morre. Ele não poderia simplesmente narrar "E então, eu morri". Isso já dá a grande dica de que ele fica vivo até o final. Não sei. (Parei novamente e encarei a janela. Meu estômago está estranho e meus braços cansados pra caramba. Ainda não descobri por que, já que não fiz nada ainda o dia todo.)

Estou com essa ânsia de assistir Extermínio (28 Days Later). Comprei o filme na semana passada pela Saraiva, deve chegar amanhã junto com Extermínio 2 e A Origem. Esse filme é sobre pessoas infectadas pelo vírus da raiva que começam a sair por aí matando todo mundo. Basicamente, zumbis. Qualquer um a este ponto já teria notado que eu tenho essa estranha fixação por zumbis. Eu não sei o porquê, não me pergunte. Nunca gostei de pessoas em geral e ver no que elas poderiam se tornar com um vírus, a arma que poderiam ser... Uau. É de impressionar. E o caos que poderia se instaurar no mundo em poucos dias... Quero dizer, isso é incrível. Eu acho que preciso de um pouco de adrenalina, e nessa situação, eu a teria de sobra. Minha vida é muito parada, preciso de um energizante. Acho que é isso que me falta. Algo pelo quê ter energia.

Enquanto não o consigo, sinto meu corpo e mente dissiparem-se.
Esse longo post (creio que seja o maior que já escrevi até hoje) chega ao fim aqui. Não consigo mais manter meus braços funcionais, por enquanto. Estão morrendo. Colocarei algum filme aqui para passar o tempo, sei lá. Tenho tantos ainda para ver. Enfim, depois continuo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

January 5th

Liana Axelle. That's a pretty name. Just a reminder for later.

BTW... Hello, 2011.